Adesivo para tratamento de Alzheimer já está disponível pelo SUS

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 3 de julho de 2018 às 13:23
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:50
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Absorção do medicamento se dá ao longo do dia e por isso tem menos efeitos colaterais

Uma nova forma de tratamento para o Alzheimer está disponível no SUS. O
remédio rivastigmina, já disponibilizado em comprimido e solução oral, agora
também é disponibilizado em forma de adesivo transdérmico.

A rivastigmina faz com que ocorra um aumento de uma substância chamada
acetilcolina, que está reduzida no cérebro de quem tem Alzheimer, mas a
medicação pode causar sintomas gastrointestinais como náuseas e diarreia,
diminuição do apetite e dor de cabeça.

A adição do adesivo à lista de remédios do SUS representa uma melhoria
na qualidade de vida de alguns pacientes. Por ser colocado na pele, a absorção
do remédio se dá ao longo do dia e por isso tem menos efeitos colaterais,
especialmente no sistema digestivo.

Segundo Rodrigo Schultz, presidente da Associação Brasileira de
Alzheimer, o adesivo também garante que não haja flutuação da dose: “Sendo
por via transdérmica, há uma liberação contínua e regular ao longo das 24h,
impedindo a ocorrência de flutuação de dose, ou seja, aumentos e reduções da
medicação no organismo conforme ela segue sendo metabolizada.”

Além
disso, de acordo com Schultz, muito pacientes se recusam a fazer uso de
remédios via oral e muitas vezes tiram o medicamento da própria boca após a
administração.

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, causada pela morte
progressiva de células do cérebro, prejudicando funções como memória, atenção e
orientação e linguagem, o que gera graves consequências para qualidade de vida
dos pacientes. A doença não tem cura.

No Brasil, segundo dados de 2017, estima-se que haja 1,1 milhão de
pessoas com a doença.

Quem pode usar?

Qualquer paciente com Alzheimer que faça uso da rivastigmina pode usar o
medicamento em versão adesiva: “Há uma população que se beneficia mais que
seria aquela com dificuldades para engolir ou que apresenta efeitos colaterais,
sejam eles com qualquer medicação para essa finalidade”, explica Schultz.

O adesivo também pode ser usado no banho e deve ser retirado 24 horas
após o uso. Por ser colocado na pele, o adesivo pode trazer esporadicamente
algumas reações no local da sua colocação e por isso é recomendado um rodízio
no local de uso do adesivo.

“Em caso de falta, podem ser usados comprimidos ou solução oral na
dose correspondente sem problema algum. Sem qualquer risco”, diz Schultz.

Como ter acesso

Segundo o Ministério da Saúde, o medicamento já está disponível nas
unidades de saúde responsáveis pela distribuição deste tipo de remédio.

Ainda de acordo com o ministério, os pacientes devem atender aos
critérios de elegibilidade dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas e
apresentar os seguintes documentos em um estabelecimento de saúde designado:

– cópia do Cartão Nacional de Saúde (CNS);

– cópia de documento de identidade, cabendo ao responsável pelo
recebimento da solicitação atestar a autenticidade de acordo com o documento
original de identificação;

– laudo para Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (LME), adequadamente
preenchido;

– prescrição médica devidamente preenchida;

– documentos exigidos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
publicados na versão final pelo Ministério da Saúde, conforme a doença e o
medicamento solicitado; e

– cópia do comprovante de residência.

Além da rivastigmina, o SUS também disponibiliza outros medicamentos
para o tratamento de Alzheimer: Donepezila, Galantamina e a Memantina.

O ministério explica que a adição da versão adesiva do medicamento à
lista disponibilizada pelo SUS se dá por causa dos menores efeitos colaterais e
da facilidade de aplicação. “A rivastigmina já era oferecida por via oral,
porém tinha o inconveniente de causar alguns desconfortos gastrointestinais no
paciente, como náusea, vômito e diarreia. Para tentar diminuir esses efeitos
indesejáveis, foi incorporada essa nova apresentação, que será indicada pelo
médico que acompanha o paciente. Além disso, os pacientes com Alzheimer, podem
tomar mais medicamentos ou menos que a quantidade prescrita, devido ao
esquecimento”, diz nota do Ministério da Saúde.


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