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César Filho estudou os problemas assistenciais que um paciente passa em seu tratamento e criou o WeCancer
Essa é uma história que nasce da saudade, mas também do amor e da capacidade de transformar a dor em doação.
César Filho, como bom filho que é, acompanhou a sua mãe, Dona Cida, na batalha contra o câncer.
Quando ela morreu, ele decidiu que iria ajudar outras pessoas com a doença a terem mais qualidade de vida.
César vem de uma família muito humilde do interior de Minas Gerais.
Dona Cida sempre investiu tudo o que tinha para que ele pudesse estudar. “Ela abdicou de vários sonhos e coisas materiais que desejava, para que eu pudesse estudar. Ela sempre falava: Meu filho estuda! Porque uma caneta é mais leve que uma pá”.
Foram 11 anos de luta contra o câncer, entre exames, cirurgias, sessões de radioterapia e quimioterapia, consultas…
“Foi muito triste acompanhar o progresso da doença da pessoa que eu mais amava. Ela sofreu muito”, relembra. Até que depois de muito sofrimento, ela descansou, como o filho descreve.
A angústia de César Filho era a de não ter podido retribuir para a mãe tudo o que recebeu, tudo o que ela investiu na sua formação.
“O sentimento de perder a pessoa que eu mais amava e não ter dado a ela o diploma de presente, me deixava ainda mais triste. Queria retribuir todo o carinho e cuidado que eu havia recebido”, relatou.
Foi aí que a dor e o amor se transformaram em ação. “De repente senti um chamado para ajudar os milhões de pessoas que passam pelo que minha mãe passou. Seria uma forma de agradecê-la, de deixar um legado em seu nome”, disse.
Mas como fazer isso? Justamente através do estudo que Dona Cida lhe proporcionou.
“Decidi estudar a fundo os problemas assistenciais que um paciente com câncer passa em seu tratamento. Entendi que a melhor forma de alcançar este objetivo seria através da tecnologia”.
César Filho decidiu criar um aplicativo para conectar os pacientes oncológicos com uma rede de cuidados e assistência.
Lembrando as tantas viagens que precisou dar com a sua mãe para o tratamento, ele pensou em um acompanhamento remoto dos pacientes.
“Algumas pesquisas científicas que eu estava estudando mostraram que pacientes que eram acompanhados remotamente via tecnologia, viviam em média cinco meses a mais do que os que não tinham acompanhamento.”
O aplicativo é disponibilizado gratuitamente na internet. Os pacientes podem interagir com os profissionais de saúde, tirar dúvidas, receber acolhimento e cuidado.
Uma agenda permite ao usuário ter lembretes sobre medicamentos e compromissos, além da indicação de conteúdos confiáveis para combater fake news que impactam negativamente o tratamento.
E nessa jornada para consolidar a plataforma, ele encontrou um sócio e parceiro no Rio de Janeiro que passou por uma situação parecida.
Lorenzo perdeu sua mãe para um câncer no pâncreas seis meses após a descoberta.
“Criamos uma conexão imediata. Ele ficou super empolgado e desde então passou a trabalhar na WeCancer e virou um irmão pra mim”, disse César.
Com a pandemia de Covid-19, ficou ainda mais complicado para os pacientes oncológicos realizarem os tratamentos.
Por serem do grupo de risco, eles devem ter ainda mais cuidados para ir aos hospitais.
Por isso, o app ajuda no acompanhamento dos pacientes sem que eles saiam de casa e, portanto, correm menos riscos. Pelo app, a equipe médica lança questionários simples que permitem detectar progressos e complicações da doença.
Os dados de cada paciente formam gráficos que podem ser avaliados por médicos para a tomada de decisões, como a mudança de medicamentos ou dosagens, aumentando o bem-estar dos doentes.
Além disso, a iniciativa reduz custos com o tratamento do câncer, que é um dos mais caros.
“Reduzindo também os custos de tratamento, já que os pacientes internam menos. Essa redução de custos é super importante para o Brasil, pois 80% de todos os tratamentos de câncer são realizados no SUS”, explicou.
“Depois da perda da minha mãe, comecei a pensar que tive uma das maiores dores/dificuldades, que uma pessoa pode passar, então iria canalizá-la para ajudar o maior número de pessoas. Reclamar não muda nada, né? Para que o mundo melhore a gente precisa arregaçar as mangas e trabalhar para ver a solução de pé”, finalizou.
*Razões para Acreditar