Barulho dos fogos pode levar à perda de audição, principalmente em bebês

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  • Publicado em 18 de junho de 2019 às 12:48
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:37
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Para evitar danos à audição, crianças devem ser mantidas a uma distância de 50 a 60 metros da explosão

Junho é o mês
de aproveitar as tradicionais festas de São João, Santo Antônio e São Pedro.
Quem não gosta? Em meio a guloseimas irresistíveis, outra tradição se destaca:
os fogos de artifício e os rojões, que dão um colorido ao festejo. Mas embora
lindos no céu, o barulho desses artefatos causa incômodos e traz sérios riscos
à audição, especialmente dos bebês e crianças pequenas.

É que o som
forte produzido durante a queima dos fogos pode causar danos irreparáveis ao
sistema auditivo, como perda de audição severa, uni ou bilateral, temporária ou
– nos casos mais graves – definitiva e irreversível. O principal sintoma de que
algo está errado é o aparecimento imediato de um zumbido. Já as crianças podem
manifestar, no choro, o que estão sentido. O pior é que na maioria das vezes os
pais não se dão conta do estrago que os fogos podem ter acarretado ao sistema
auditivo de seus filhos.

“Nesta
época de festas juninas há muitos casos de perda de audição unilateral, em
apenas um dos ouvidos. O maior problema é a intensidade de som dos fogos em um
curto espaço de tempo. O prejuízo é imediato, se estivermos muito perto. O
sintoma mais recorrente é o zumbido, transtorno que atinge milhões de pessoas
no mundo. Se depois do estampido dos fogos houver zumbido ou sensação de ouvido
tampado é preciso procurar logo um médico otorrinolaringologista para avaliar a
extensão e gravidade do dano auditivo”, explica a fonoaudióloga Marcella
Vidal, da Telex Soluções Auditivas.

Por isso é
tão importante manter as crianças longe dos fogos, uma vez que o ruído –
principalmente dos rojões – pode atingir mais de 120 decibéis, mesmo a uma
distância superior a três metros de onde o artefato está sendo aceso. O limite
seguro de exposição aos sons é de 85 decibéis, de acordo com os especialistas.

“A
imaturidade auditiva dos primeiros 18 meses de idade pode fazer com que haja
lesão na cóclea – órgão localizado na orelha interna – se a criança for exposta
a sons muito altos ou passar muito tempo em ambiente barulhento. Essa lesão
pode passar despercebida no momento da festa. No entanto, pode dar início a um
processo de perda de audição, uma vez que as células auditivas, quando morrem,
não são repostas pelo organismo”, explica Vidal, que é especialista em
audiologia.

A
fonoaudióloga lembra também que na empolgação da festa é comum os pais ficarem
com bebês e crianças pequenas no meio do barulho. É preciso ficar atento aos
sinais. “Irritação e choro são os principais sintomas de que o bebê não
está confortável. Deve-se então procurar locais mais tranquilos e manter a voz
sempre em baixo volume, para que o bebê fique calmo, estimulando assim a
plasticidade do nervo auditivo, que é importante nos primeiros meses de
vida”, explica a fonoaudióloga da Telex.

Recomendações:

Para
diminuir o risco de perda auditiva como resultado do intenso ruído, a
fonoaudióloga Marcella Vidal recomenda algumas precauções:

– Distância
da fonte do som. Quanto mais distante você estiver da explosão dos fogos de
artifícios, mais você e sua família estarão protegidas. Se um adulto está vendo
uma explosão sucessiva de fogos, cujo ruído atinge 170 decibéis, por exemplo,
precisa ficar a uma distância de 20 metros, enquanto que para as crianças, a
distância segura é de 50 a 60 metros;

– Uso de
protetores auriculares durante a explosão dos fogos. Se estiver acompanhando um
show pirotécnico, é indispensável colocar protetores nos ouvidos;

– O ideal é
não levar bebês e crianças a locais de queima de fogos e festas barulhentas;
porém, se for inevitável, ficar o mais afastado possível do ruído.