Multas por queimadas aumentam 14% no estado de São Paulo em um ano

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 17 de setembro de 2020 às 13:18
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 21:14
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Os satélites do Inpe registraram 4.214 focos em todo o estado, contra 2.015 no mesmo período de 2019

Bombeiros e voluntários tentam apagar as chamas na região de São João da Boa Vista

O número de multas aplicadas no estado de São Paulo por queimadas aumentou 14% de janeiro ao dia 15 de setembro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. 

Neste ano, a Coordenadoria de Vigilância Ambiental do estado de São Paulo aplicou 514 multas por queimadas. Em 2019, foram 449 autuações.

As autuações fazem parte da Operação Corta Fogo, que funciona durante todo o ano. O estado vive situação semelhante às outras regiões do país em um período de estiagem com altas temperaturas e umidade baixa que favorece para que o fogo se alastre rapidamente.

O estado de São Paulo teve 109% mais focos de incêndio florestal neste ano do que no ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 

Desde o começo do ano, os satélites do instituto registraram 4.214 focos em todo o estado, contra 2.015 no mesmo período de 2019 (de 1º de janeiro a 13 de setembro).

As queimadas também provocaram o aumento no número de animais resgatados pela Polícia Ambiental e pelo Corpo de Bombeiros em cidades do interior. 

Segundo biólogos ouvidos pelo portal G1, além dos bichos que morrem queimados ou asfixiados pela fumaça, há ainda aqueles que, encurralados pelo fogo, acabam fugindo para cidades ou rodovias, onde podem ser vítimas de atropelamentos.

A três meses e meio do final do ano, o número de focos até agora já superou todo o ano de 2019. Já são 37% mais registros neste ano do que os 3.075 focos confirmados de janeiro a dezembro de 2019.

Os focos de incêndios em SP atingem de maneira similar a Mata Atlântica e o cerrado. De acordo com os dados do Inpe, 52% dos focos deste ano ocorreram em áreas de Mata Atlântica e 48% em áreas de cerrado.

Os meses de agosto e setembro, que tradicionalmente concentram a maior parte das queimadas em SP, tiveram registros bem acima da média histórica. Para agosto, a média é de 898 focos; em 2020, foram 1.111.

O mês de setembro teve números ainda piores: foram 1.470 focos até o dia 13, sendo que a média histórica é de 796 incêndios para o mês todo.

O ano de 2020 já superou os registros de 2014, quando ocorreram 3.277 focos até 13 de setembro. Já em 2010 foram 6.028 focos nesse período.

Animais resgatados
O aumento nas queimadas provoca efeitos diretos na fauna do estado. O primeiro e mais imediato é a mortalidade de animais silvestres. 

Segundo o professor Luis Fabio Silveira, chefe da Divisão Científica do Museu de Zoologia da USP, os animais podem morrer queimados ou asfixiados, como está ocorrendo no Pantanal, por exemplo, mas, em SP, também são vítimas frequentes de acidentes nas rodovias do estado.

“O que aumenta muito com o crescimento das queimadas são os acidentes com animais silvestres, principalmente atropelamentos porque, ao fugir do fogo, muitos animais acabam chegando até as estada”, explica Silveira.

Outro efeito na fauna ocorre mais tarde, com a queda na cobertura vegetal causada pelas queimadas, que provoca a perda de habitat das espécies.


+ Meio Ambiente