Universidade cria técnica que identifica uso de agrotóxicos em frutas

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 26 de maio de 2019 às 13:26
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:34
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Estudo possibilitará identificar e mensurar o uso de pesticidas e fungicidas nas frutas e legumes

Um estudo desenvolvido pela Universidade Federal de Goiás (UFG)
possibilitará, a produtores e autoridades sanitárias, identificar e mensurar o
uso de agroquímicos – em especial pesticidas e fungicidas – nas frutas e
legumes consumidos no país.

Segundo pesquisadores, a técnica poderá ser usada também para
checar se os produtos enviados ao exterior estão em conformidade com a
legislação estrangeira no que se refere a agrotóxicos.

O orientador da tese, professor do Instituto de Química da UFG,
Boniek Gontijo, explica que a técnica permite, também, evitar “as discrepâncias
entre a quantidade sugerida nos rótulos de agrotóxicos e a quantidade
suficiente para que o agroquímico exerça sua função. Em geral, eles sugerem uma
quantidade maior do que a necessária, com o objetivo de aumentar seus lucros”,
justificou o professor.

Desenvolvida em parceria com a Louisiana State University (EUA),
a técnica foi usada, inicialmente, para identificar o nível de penetração do
fungicida imazalil em maçãs. “Constatamos que a substância penetra além da
casca da fruta, atingindo em pouco tempo suas estruturas internas, o que pode
prejudicar a saúde do consumidor, mesmo que a casca seja lavada”, disse o
orientador do estudo.

Molécula não é degradada pela luz

“Ao contrário do que é dito nas especificações do fungicida, sua
molécula não é degradada pela luz e, com isso, acaba penetrando na fruta”,
acrescentou, referindo-se especificamente ao imazalil, utilizado para inibir o
desenvolvimento de fungos, postergando o apodrecimento do produto.

A Associação Brasileira dos Produtores de Maça (ABPM) informou
que este fungicida não é usado nos produtos nacionais. “O ingrediente ativo
Imazalil, apesar de estar registrado para uso em pós-colheita, não é utilizado
na cultura da maçã no Brasil. Ademais, segundo relatório da Anvisa, publicado
em 2016, de 764 amostras enviadas para análise de resíduos, apenas 0,65% ou 5
amostras detectaram a presença de resíduos de Imazali”, explica o diretor
executivo da ABPM, Moisés Lopes de Albuquerque.

Ele acrescenta que, para fazer o levantamento, a Anvisa coleta
amostras nas gôndolas de supermercados, o que inclui maçãs nacionais e
importadas. “Portanto, relacionamos a detecção da substância em 5 amostras à
fruta importada”, afirmou. Segundo Moisés Albuquerque, de cada 10 maçãs consumidas
no Brasil, 9 foram produzidas em solo brasileiro.

As maçãs usadas no estudo da UFG não foram produzidas no Brasil.
“Usamos, no estudo em parceria com a universidade norte-americana, maçãs
comercializadas naquele país para avaliar como se dá a penetração de pesticidas
em frutas. Trata-se de um estudo piloto no sentido de identificarmos maneiras
mais fáceis de avaliar a penetração de fungicidas em frutas e legumes”, disse
Boniek Gontijo. “Apesar de o Brasil não fazer uso deste fungicida, a técnica
desenvolvida permite desenvolvermos métodos sobre a aplicação de outros
pesticidas, fungicidas ou agroquímicos em outros hortifrutis. Inclusive, já
estamos trabalhando com tomate em uma abordagem similar”, acrescentou.


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