USP cria respirador de baixo custo com produção rápida contra pandemia

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 4 de abril de 2020 às 11:30
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:34
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O tempo total de fabricação é inferior a duas horas e o custo estimado será de mil reais por ventilador

Pesquisadores da Poli-USP criaram um ventilador pulmonar de baixo custo para enfrentar a pandemia de coronavírus.

Uma equipe de engenharia multidisciplinar desenvolveu um modelo livre de patente, de rápida produção e com insumos de fácil acesso no Brasil.

O tempo total de fabricação é inferior a duas horas e o custo estimado será de mil reais por ventilador, 15 vezes mais barato do que o mais em conta vendido no mercado, de acordo com a USP.

O projeto do INSPIRE foi coordenado pela direção da escola de engenharia, e envolve pesquisadores com ampla experiência em várias áreas.

“O motivo de se desenvolver este tipo de ventilador de pulmão emergencial parte de algumas premissas. 

“Uma delas é que a cadeia de produção instalada deste tipo de equipamento talvez não consiga aumentar sua produção para a demanda da população brasileira nas próximas semanas. 

“Seria necessário ter um equipamento que pudesse atender a população que ficaria desassistida neste caso”, disse o professor Raul González Lima, especialista em Engenharia Biomédica e um dos coordenadores do projeto.

Como funciona

O protótipo INSPIRE  é um ventilador pulmonar aberto de baixo custo, produzido totalmente com tecnologia nacional e que utiliza componentes amplamente disponíveis no mercado brasileiro.

O professor Raul González Lima explica que a intenção é suprir a necessidade deste tipo de equipamento no Brasil, na falta de ventiladores comerciais que levaram décadas para serem aprimorados.

Vantagens

Um dos motivos para a cadeia de produção instalada não conseguir se desenvolver tão rápido seria a dificuldade de importação desses componentes.

“Esses equipamentos dependem de muitos componentes importados, e nem todos estão em estoque na quantidade necessária. Os componentes podem não chegar a tempo para fazer essa produção”.

Outra questão considerada pelos cientistas é que devem faltar linhas de ar comprimido nos leitos de hospital, o que torna necessário o bombeamento de ar para o paciente.

“É uma demanda crítica e pontual e essa tecnologia pode ser usada em áreas remotas, em que um hospital não esteja próximo”.

Pronto

O desenvolvimento de protótipo está pronto, embora continue em constante aprimoramento. O projeto passou para a fase de produção, em que será estabelecida a cadeia de suprimentos.

Ele deverá ser testado e produzido em laboratório.

A expectativa é que os respiradores da Poli-USP estejam disponíveis nos hospitais ainda este mês, quando está previsto o pico de casos da covid-19, principalmente no Estado de São Paulo.

O professor Raul defende que já existe uma indústria instalada que o Brasil precisa proteger e ampliar.

“Nós gostaríamos que a indústria nacional se desenvolvesse e exportasse as tecnologias que possuem para muitos países. Nosso objetivo é criar uma resposta rápida para uma crise provável”.

A Poli-USP é responsável pelo projeto, mas não pela fabricação, que deverá ser feita por empresas com autorização da ANVISA – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária.


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