Vacina após os 50 anos evita o Herpes Zóster, doença extremamente desfigurante

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  • Publicado em 20 de agosto de 2019 às 17:06
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:45
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Uma em cada três pessoas pode ter a doença, que quando atinge o olho, pode levar até a cegueira

Não
é só para tomar a vacina contra a gripe que os idosos devem sacar a carteirinha
de vacinação. Aliás, quem completa 50 anos ou mais deve precaver-se contra o
vírus Herpes zoster (VHZ), pois é o período em que a incidência da infecção
aumenta. Em torno de 60% das pessoas que apresentam a doença são desta faixa
etária.

Monica Signorelli, do Centro Campineiro de Microcirurgia – Signorelli
Oftalmologia, alerta que há chance de 10% a 25% de se adquirir VHZ ao longo da
vida. A médica chama a atenção para as complicações associadas, entre elas, a
perda de visão. Segundo a oftalmologista, a vacina reduz a neuralgia (dor que
acompanha o trajeto do nervo afetado) pós-herpética, de intensidade variável,
que muitas vezes pode ser incapacitante e persistir por dias, meses ou até
anos.

O
vírus é o mesmo da catapora, chamada também de varicela. Monica explica
que ele fica incubado no organismo e quando reaparece, se instala,
principalmente, nos nervos do tórax (cobreiro) e nos do crânio, que é o segundo
local mais acometido, podendo causar a cegueira.

Quem
teve a doença na infância é o alvo mais certeiro. A literatura médica aponta
que mais de 95% das pessoas nascidas há mais de 40 anos tiveram catapora na
infância. Entidades de saúde calculam que uma em cada três pessoas terá a
doença ao longo da vida. Quando as estatísticas focam quem tem acima de 85
anos, o índice afunila para uma em cada duas pessoas.

Monica, que é especialista em retina, vítreo e uveítes, alerta que
ardência, dor, coceira, pequenas vesículas, pápulas avermelhadas e feridas são
os primeiros sintomas, que podem aparecer em um dos lados do corpo e no
abdômen, além dos citados tórax e rosto. “O vírus permanece ‘adormecido’
no organismo e pode ser reativado anos mais tarde por variação do sistema
imunológico frequente no processo de envelhecimento”, explica a médica.

De
acordo com a médica, o VHZ, quando infecta os nervos da face e do olho, pode
provocar: erupção cutânea nas pálpebras, vermelhidão, sensação de olho seco,
visão embaçada, sensibilidade à luz, dor que se irradia pelo trajeto do nervo
afetado, inchaço e infecções associadas. “A expansão das lesões pode ser
desfigurante”, frisa.

A
especialista observa que o acometimento da superfície ocular, principalmente da
córnea, pode ser tão grave a ponto de requerer um transplante. Ela lembra que
há ainda uma forma mais rara, que incide na retina, mais devastadora para a
visão. “Nesta circunstância ocorre necrose da retina e o tratamento deve
ser imediato”.

Monica
lamenta que mesmo que uma vacina eficaz já esteja disponível desde 2014 no
Brasil, muitos continuam não vacinados. “A vacina de vírus atenuado é bem
tolerada na população de idade mais avançada. A aplicação reduz o risco de
desenvolver o zoster em 51% e a dor (neuralgia) pós-herpética em 67%.
Entretanto, a vacina é eficaz por um período de cinco anos. Adultos vacinados
antes dos 60 anos podem não estar protegidos e necessitarem de uma nova dose
após esta idade”, afirma a especialista.

A
vacina contra o herpes-zoster é ministrada em dose única injetável abaixo da
pele. A imunização existe no Brasil desde 2014 e nos EUA desde 2006. Ela é
recomendada até pra quem já teve a doença, desde que seja respeitado o
intervalo de seis meses após o último surto ou de acordo com orientação do
médico assistente. Há de se observar que a vacina é apenas para o tipo 3 do
Herpes, que é a forma zoster. Para o vírus herpes simples tipo 1 (herpes oral)
e tipo 2 (herpes genital) ainda não há imunização disponível, mas há estudos
para o seu desenvolvimento.